terça-feira, 3 de setembro de 2013

Quando a investigação faz a diferença no jornalismo do SBT


No próximo dia 16 de outubro vamos conhecer as dez matérias finalistas do Prêmio Esso de Telejornalismo. O SBT já é um veterano na premiação, sendo que desde 2008 esteve em todas as finais, sem exceção. Para 2013, 10 matérias produzidas pela emissora foram inscritas: 5 do SBT Brasil e 5 do Conexão Repórter. As 5 do SBT Brasil são de Fábio Diamante. As 5 do Conexão Repórter, claro, de Roberto Cabrini. E é esse o ponto de partida do nosso artigo de hoje. 

Sempre costumo dizer que, no Brasil, dois setores sustentam uma emissora de televisão: seu jornalismo e sua dramaturgia. O primeiro por transmitir credibilidade, agradar o mercado e, sobretudo, estar com seus telespectadores nos bons e maus momentos do seu país ou do mundo. Já a dramaturgia é uma questão cultural: desde os tempos da Tupi, Record e Excelsior, o Brasil aprendeu a cultuar esse tipo de atrativo na televisão e hoje é totalmente necessário um produto dessa linha para haver um crescimento sustentável em audiência. 

No que diz respeito ao jornalismo, existem várias faces a serem exploradas em um telejornal ou programa jornalístico. Existe o jornalismo esportivo, policial, de variedades... Embora todos sejam importantes para se formar o “todo jornalístico”, uma dessas várias faces fazem a diferença: trata-se do jornalismo investigativo. 

Os telejornais hoje, diante da concorrência não só de outras redes de TV, mas também das redes sociais, precisam a todo momento inovar, trazer pautas que o público não possa encontrar facilmente no primeiro aperto de controle remoto ou clique do mouse. Para ter esse diferencial, além de determinadas “pegadas” sobre pautas, trazendo um lado que ninguém explorou anteriormente, e a questão de inserir âncoras opinativos (opiniões por mais parecidas que sejam, nunca serão iguais), o jornalismo investigativo é o que faz mais a diferença. É ele, através de semanas ou meses de pesquisa, apuração e investigação que traz ao público o novo, o que ainda não foi explorado, às vezes algo sequer imaginado. O jornalismo investigativo instiga o telespectador a refletir, se indignar e este mesmo telespetactador “agradece”, mesmo que mentalmente, a investigação, pois sabe que ali foi feito um trabalho em favor dele e de outras pessoas da sociedade. 

Outro ponto que pesa a favor da investigação jornalística é o fator repercussão. É inegável. Ninguém vai repercutir o SBT Brasil por uma matéria de homicídio ou de aumento de preços. Vão falar do jornalismo do SBT, sim, quando este mostrar algo que ninguém mostrou além dele. A roubalheira no Estado, o sucateamento da estrutura de hospitais, a droga na escola. É aí que no dia seguinte, a pessoa e chega no trabalho e diz: “eu vi NO SBT”. É a melhor divulgação que se pode ter, afinal, será uma divulgação positiva, de um testemunho do telespectador que assistiu a matéria e que gostou e fez, com gosto, repercutir nas ruas. 

No SBT, essencialmente, dois repórteres cumprem essa função com maestria. Fábio Diamante eRoberto Cabrini. No SBT Brasil, cabe a Fábio Diamante. No SBT desde 2005, Diamante já acumula várias finais de Prêmio Esso na carreira, a primeira em 2008. Em 2012, concorreu com 2 matérias na final, inclusive. E isso não é por acaso. A forma como ele contextualiza o tema, sempre de forma clara e a forma como ele aborda o entrevistado-investigado, colocando-o em situação complicada para fugir da resposta, é algo a se destacar. Em 2013, tem como trunfo a matéria do ponto nos hospitais, que repercutiu muito positivamente. Outra, a do vazamento do Infoseg também pode ser considerada favorita. 

Já Roberto Cabrini é conhecido de todos. Em sua terceira passagem pelo SBT, Cabrini acumula todas as premiações que um jornalista poderia querer. Desde que estreou o Conexão Repórter, no SBT, em 2010, nunca deixou de figurar nas finais do Prêmio Esso. É atualmente “bicampeão” do Troféu Imprensa na categoria programa jornalístico. Analisá-lo é complicado, mas a ausência total de medo de perguntar é sua principal marca. Pergunta o que todos queriam perguntar. E isso vem de longe, desde o clássico você é corrupto para Collor, em 1995, também no SBT. Ganhador do Esso em 2010 e finalista em 2011 e 2012, Cabrini sempre será favorito a ganhar de novo, pela qualidade de produção do Conexão Repórter e por ter jornalismo investigativo na "veia". Para este ano, a minha preferida foi “Porões do Futebol”, que entrou no ar às vésperas da Copa das Confederações e mostrou esquemas de corrupção no futebol e aliciamento de jovens interessados em começar a carreira no esporte. 

O sucesso de ambos os repórteres parece contagiar o jornalismo do SBT. Recentemente vindo da TV Alterosa (afiliada do SBT em Minas Gerais), Darlisson Dutra agora é repórter do SBT Brasil em São Paulo e já demonstra, apesar de jovem, jeito para lidar com pauta investigativa. Talvez, daqui um tempo, possa também ser uma grata surpresa em uma premiação forte dessa área. 

Creio que o SBT vai se fazer representar novamente na final do Prêmio Esso e, possivelmente, tanto com Cabrini quanto com Diamante, como foi em 2012. E também acho que existem boas chances de vitória, que seria a 4ª na história da emissora (as outras foram em 2004, com o SBT Rio Grande do Sul; 2009, com o SBT Rio e 2010, com o Conexão Repórter). Independente da vitória na premiação, Cabrini e Diamante já são responsáveis por duas conquistas: a de qualificar e fortalecer o jornalismo do SBT e a de levar todos os dias um jornalismo investigativo de primeira para nossa TV.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Google Translate

Postagens + Populares