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Ticiane Pinheiro foi uma das barradas! |
Um dos maiores erros que uma empresa pode cometer é, no afã de vencer a concorrência, esquecer-se de si mesma. Isso acontece em padarias, quiosques, lojas e até em emissoras de TV.
A Record parece ter caído nesta armadilha desde que se propôs a ser líder e, de olho nos dados de audiência, tem tido graves ‘recaídas’ desde então. A última delas foi a recusa em liberar Ticiane Pinheiro para ir ao Teleton, do SBT, medida que valerá para todos os artistas da Casa.
De acordo com Ricardo Feltrin, a situação é ainda pior do que parece e a emissora parece não apenas rejeitar o evento, mas também detestá-lo. “A Record deve rejeitar todos os pedidos do SBT para participação de seus artistas no Teleton deste ano. Há diretor que sugeriu que, em vez de ajudar o SBT, a Record deveria fazer uma espécie de “teleton-Ressoar” no mesmo dia. Ressoar é um dos braços de assistência social do grupo Record-Universal”, escreveu o jornalista em sua coluna.
Sendo esta frase verdadeira ou não, uma coisa é certa: Ao recusar convites para o Teleton, a Record mira a cabeça do SBT, mas acerta a própria perna.
Mais do que ‘ir à concorrente’, ir ao Teleton faz com que um artista una sua imagem a uma causa amada por todo o país. O Teleton é, sem dúvida, mais querido pelos brasileiros do que o Criança Esperança, o que equivale dizer que a maratona solidária é a única “vitrine global fora da Globo”, se podemos chamá-la assim.
Pegue-se, por exemplo, o caso isolado de Ticiane Pinheiro. O “Programa da Tarde” que ela apresenta perde para o SBT em 90% das ocasiões num horário predominantemente assistido por mulheres. Ora, cedê-la ao Teleton serviria de vitrine para um programa derrotado. Ticiane, aliás, teria a primeira oportunidade de dialogar com as donas-de-casa que não a assistem! É propaganda em território inimigo e, ainda por cima, gratuita!
Mais do que nenhuma outra emissora, a Record precisa de marketing social. Sua imagem costuma ser ligada à violência e à apelação devido ao amplo espaço ocupado pelo jornalismo em sua grade e à linha editorial ‘flutuante’ seguida pelo mesmo.
A imagem da Record é ligada à notícia, à cobertura extensa, às tragédias do dia-a-dia, itens frios e passageiros, bem diferentes do Teleton
Ter a oportunidade de pôr a logo ao lado de crianças tendo a vida transformada é uma chance única para uma emissora que é obcecada por números, mas parece ter dificuldade para lidar com pessoas.
O subtítulo “OPINIÃO” me permite ir um pouco além do que o faria numa matéria comum, já que nada dito aqui é uma verdade absoluta, mas um ponto de vista.
Esqueça o marketing, a empresa, os números, a concorrência. Falemos de humano para humano. Recusar-se a ajudar - de forma gratuita – uma causa nobre lhe parece uma boa atitude? Alguém daria 10 a um filho por uma medida dessas?
A AACD, beneficiária do Teleton, possui reputação ilibada. As sedes construídas estão lá, podem ser visitadas. As histórias contadas estão lá, podem ser checadas. Rejeitar um projeto como esse apenas para que “O Melhor do Brasil” não perca uns pontinhos de audiência parece ser, no mínimo, um ato egoísta.
Ao tentar manter seu público, a Record acaba cada vez mais se afastando dele. E pior: renega a chance de alcançar pessoas que não a prestigiam e que, consequentemente, poderiam conhecê-la num dia regado a solidariedade, palavra que (eu disse que iria um pouquinho além, perdoem-me) deveria ser familiar à Igreja responsável pelas decisões da emissora.
Ao SBT, resta o aplauso pelo abraço ao Teleton.
Obviamente, no âmbito comercial, a emissora peca com seu excesso de reprises e grade voadora. Ainda assim, parece possuir algo que o dinheiro de sua concorrente se mostra incapaz de comprar: a empatia de um povo solidário.
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