A programação vespertina do SBT está complicada com o excesso de reprises. As novelas reprisadas atualmente, com exceção de A Usurpadora, ainda estão longe de alcançar os índices de audiência esperados pela emissora. E isso se deve a vários motivos: o excesso de reprises, desgastando a imagem de muitos artistas, tramas diferentes mas com histórias parecidas e a escassez de novelas que se encaixam na classificação indicativa do horário. Não obstante, apesar das clássicas novelas da Thalia serem sinônimo de sucesso, a atual reprise de “Rosalinda” ainda não mostrou a que veio, mostrando que o público está cansado de sempre ver as mesmas novelas.
Nesse sentido, é errado pensar que a solução do problema seria escolher novelas nunca antes reprisadas, porque por mais que possam surpreender, as chances de darem errado são maiores, como o caso da exibição de “Jamais te Esquecerei”, uma boa novela, mas que passou quase que despercebida na exibição original e agora apresenta audiência pífia na reprise. Afinal, não dá pra entender como uma emissora do porte do SBT, com excelentes profissionais contratados, não reage para tentar competir com a concorrência, mostrando fragilidade e falta de coerência ao tentar sufocar o público com reprises de três novelas seguidas.
Além disso, apesar da concorrência não apresentar grandes produtos na programação da tarde, o SBT deveria concorrer de igual para igual, apresentando conteúdo próprio com mais chances de emplacar. Isso não impede que o público das novelas seja abolido, apenas um ou no máximo duas novelas seriam suficiente para agradar o público saudosista e os novatos do gênero, embora seria bem mais vantajoso uma produção própria que preservasse a memória da emissora e ao mesmo tempo mostrasse entretenimento, jornalismo e prestação de serviço: ou seja, a tão famosa Revista Eletrônica.
Para isso, a emissora não poderia mais cometer os mesmos erros do extinto programa “Olha Você”, dirigido por Ocimar Castro e inicialmente apresentado por quatro apresentadores que lembravam o perfil do programa da concorrência “Hoje em Dia”. É necessário um visual original e que esteja longe de ser taxado como “Programa Feminino”. Para que uma revista eletrônica tenha potencial de um crescimento ascendente, não se pode restringir para uma determinada fatia do público, sem contar que mulheres atuais têm um outro perfil, não são mais aquelas de outrora, que se ludibriavam na cozinha vendo receitas impossíveis na TV.
Dessa forma, deve-se acabar com o estigma de que quem vê TV aberta à tarde são as donas de casa, as empregadas domésticas e as crianças. Mesmo que seja uma fatia menor, há um público masculino e principalmente jovens perdidos na programação vespertina decadente. E como foi dito antes, o perfil da fatia maior, as mulheres, mudou e muito.
É necessário uma revista eletrônica com reportagens criativas e ao mesmo tempo populares, com uma equipe de repórteres integrada, não adianta enganar o público reprisando matérias do Jornal do SBT – manhã ou até mesmo do SBT Brasil do dia anterior, como acontecia no extinto “Olha Você.” As pautas precisam conter assuntos relevantes do dia, mas também curiosidades do Brasil e do exterior, levando para o estúdio profissionais, estudantes, artistas, escritores, etc.
Diante disso, é claro, muito mais que investimento, o grande X da história é a paciência, problema recorrente no SBT. Se o programa for bom, bem feito, por mais que a audiência não seja imediata, com o tempo irá se estabilizar em um patamar coerente para o horário, além de trazer anunciantes e consequentemente maior faturamento. Chaves e Thalia, por mais que sejam dois grandes trunfos, como podemos ver não garantem um conforto eterno.