Nas últimas semanas, os embates entre Jô Soares e Danilo Gentili – e, principalmente, as derrotas do veterano para o novato – têm sido um dos principais temas dos sites especializados em TV.
Os que conseguem ir além da superfície dos números, no entanto, já perceberam algo: Jô e Danilo não são concorrentes, embora ambos apresentem talk shows nas madrugadas, assim como suco de maracujá e Coca-Cola não são concorrentes, embora ambos sejam bebidas.
Bebem suco de maracujá os que querem calma, bebem Coca-Cola os que buscam diversão. Eis aí, aliás, uma boa metáfora para Soares e Gentili: um é a antítese do outro.
Jô investe no talk, enquanto Danilo dá show.
Jô recebe o ministro do STF Marco Aurélio de Mello; Danilo é do tipo que, na mesma noite, recebe Sérgio Mallandro.
Jô é sinônimo de tradição; Danilo, de inovação.
Jô é servido por um garçom chileno; Danilo é assessorado pela Juliana.
Jô aposta num formato engessado; Danilo se dedica a quebrar o gesso.
Jô parece determinado a manter-se, enquanto Danilo busca reinventar-se.
Jô x Danilo é, enfim, um duelo paradoxal. Enquanto o global aposta no conforto, Gentili investe no confronto e, por consequência, ganha de lavada em quesitos como repercussão, buzz e ousadia.
É certo que as atuais vitórias de Danilo não apagam a trajetória brilhante de Jô, mas os números deixam claro que as glórias de outrora não sustentarão o “gordo” no topo por muito mais tempo.
Curiosamente, é o tempo que dá o tom do duelo. Gentili é o que Jô já foi e Jô hoje é o que Gentili não gostaria de se tornar. O tempo que acomodou o veterano é o mesmo que parece impulsionar o recém-chegado.
No fim, quem ganha é o público, recheado de opções.
Para noites de insonia, Jô.
Para perder o sono, Danilo.
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