Houve uma época que a programação infantil na TV não era apenas a exibição de desenhos animados. Atualmente, devido o avanço dos aparelhos tecnológicos e da popularização da TV por assinatura, a programação infantil nas manhãs da TV aberta foi quase abandonada. Quase. O SBT, graças ao Silvio Santos, ainda mantém firme um dos programas mais tradicionais da emissora: o "Bom Dia & Cia"
No entanto, o programa carece de mais atenção por parte dos diretores da emissora. O que vai ar nas manhãs do SBT é um feijão com arroz básico desprovido de qualquer emoção. Em um mini-cenário, os ex-atores da novela Carrossel, Matheus Ueta e Ana Vitória, até se esforçam no improviso, mas o formato da atração ainda persiste consumir até o último limite da paciência da garotada. Em alguns momentos, chega a ser constrangedor ver a dupla declamando as mensagens de auto-ajuda do Seu José ou dentro de um biscoitinho da “sorte”.
O Bom dia e Cia completará 21 anos em agosto deste ano. Estreou em 1993 sob comando da apresentadora Eliana, marcando uma geração de crianças que acompanharam as brincadeiras da loirinha e os bons desenhos animados. Havia também os experimentos educativos. Quem não se lembra dos recortes com a tesoura “seeem ponta”?
É certo que se trouxéssemos o formato original do Bom Dia para os dias atuais seria um fracasso. Foi bom naquela época. Bem como também teve uma época que era divertido os prêmios da roleta com os gritos “Playstation, Playstation”. Recentemente, em um louco rodízio de apresentadores, a direção testou os palhaços Patatí e Patatá, Bozo e outras crianças de Carrossel, nenhum deu certo. O problema está no formato e não na apresentação do programa. É preciso acompanhar o novo perfil das crianças. Falta modernidade, mais interação com as redes sociais e até mesmo novos roteiristas/direção com pegada para esse tipo de atração.
É compreensível que o espaço dedicado às crianças dificilmente retomará os tempos áureos dos anos 80, sobretudo porque as emissoras hoje sofrem a pressão e as restrições relacionadas à divulgação de produtos no conteúdo e no intervalo dos programas - o Bom Dia e Cia, por exemplo, foi vetado de utilizar nome de marcas na roleta de prêmios. Por outro lado, a ladainha de que a programação infantil custa caro e atrai poucos anunciantes, pra mim, também cheira a forma como os diretores encontraram para justificar a falta de criatividade que os assolam na TV brasileira.
Porque não buscar novas ideias com gente que entende do assunto? Por que não buscar outras maneiras de obter faturamento sem precisar de uma roleta de prêmios? O Bom dia e Cia como único programa infantil nas manhãs das principais emissoras da TV aberta não deveria sofrer para conseguir a vice-liderança. Pelo contrário. É nítido que falta boa vontade para fazer com que o programa alcance até a liderança. O público que trocou a TV fechada para ver Carrossel à noite pode ser o mesmo público que os pais querem ver assistindo nas manhãs – algo de qualidade.
Em uma rápida análise, apostar em algo novo para as crianças nem sempre exige alto investimento. Na TV Cultura, um grupo de fantoches em um curral marcou época no Cocoricó, que até hoje está no ar. No próprio SBT, na década de 90, era mais divertido assistir aos desenhos animados numa TV revolucionária ultra-jovem, o Disney Club. Já naquela época um dos famosos bordões se aplica nos dias de hoje: “Somos ultra-jovens e merecemos respeito!”. E, de fato, as crianças de hoje, que serão os futuros telespectadores adultos de amanhã, merecem mais respeito na qualidade da programação infantil e seria justo se eles fossem contemplados com isso no SBT e com o Bom Dia e Cia.
Apoiado. Você tem toda razão, o bom dia e cia ficou chato e repetitivo, o que salva são os desenhos.
ResponderExcluir