domingo, 1 de dezembro de 2013

Colunista analisa modo de Silvio Santos administrar programação do SBT


A Folha de São Paulo publicou neste domingo, dia 1º de dezembro, um artigo de Maurício Stycer sobre o modo de Silvio Santos administrar a programação do SBT. Veja na íntegra a coluna, denominada "Peça de Museu":

No último dia 11 de setembro, o SBT surpreendeu o público e a concorrência ao anunciar, em mensagem exibida repetidas vezes, uma alteração drástica em sua programação. 

"A reprise de Carrossel' não deu o resultado esperado pela direção artística desta emissora. Por esta razão, deixará de ser exibida, voltando à nossa programação dentro de um ano. Esse horário terá como atração Neila Medeiros, a única jornalista capaz de apresentar sozinha o programa Aqui Agora', enfrentando Datena e Marcelo Rezende. Estreia segunda-feira, 23 de setembro". 

Pouco mais de dois meses depois, este comunicado é uma peça de museu, facilmente encontrada no YouTube. De tudo que prometeu, como se verá, apenas a data de estreia do programa jornalístico se concretizou. Mas vamos por partes. 

Versão brasileira de uma novela mexicana, "Carrossel" foi o maior sucesso recente do SBT. O último dos seus 310 capítulos foi ao ar em 26 de julho. Acreditando que o público não precisava de nenhum descanso, no dia 2 de setembro a emissora começou a reprisá-la. E nove dias depois, como informou o comunicado, a iniciativa foi cancelada. 

Entre os dias 11 e 23 de setembro, o jornalístico prometido pelo SBT mudou de nome duas vezes. A ideia de reviver o lendário "Aqui Agora" foi abandonada logo no dia 16, quando se noticiou que a atração passaria a se chamar "Boletim de Ocorrências". No dia 18, chegou-se, finalmente, ao título definitivo, "SBT Notícias", também cópia de um falecido programa da emissora. 

À frente do noticiário policial, a competente Neila Medeiros não foi capaz de enfrentar Datena (Band) e Marcelo Rezende (Record). Aliás, não conseguiu nem mesmo reter a audiência que o SBT tinha no horário. Com média em torno de três pontos no Ibope, o programa foi exibido pela última vez no dia 15 de novembro. 

Foram 40 edições, tempo insuficiente em qualquer emissora do planeta para implantar um novo telejornal. Silvio Santos, a quem se atribui a redação do comunicado que o criou, foi também quem teria decidido pelo seu fim. 

Os mais calejados com o estilo do empresário não viram nenhuma novidade no episódio. Silvio segue, segundo os mais próximos, um manual de administração muito pessoal, baseado na intuição e movido pelo impulso. 

Com esse jeito, bem ou mal, conseguiu erguer uma grande rede de comunicação. Por anos, foi a segunda maior do país, posto que perdeu para a Record em 2007. 

Erros cometidos nos últimos tempos, como os descritos neste texto, parecem obedecer a um esforço mal planejado para retomar a vice-liderança. Nesta busca, a preocupação única é com a audiência. 

O SBT exibe hoje seis novelas por dia --boa parte delas reprises, quase todas mexicanas. A grade se completa com uma penca de seriados americanos, todos velhos. Outras atrações que rendem pontos no Ibope à emissora são os veteranos "A Praça É Nossa", Ratinho e "Casos de Família", este último um clássico do mundo cão. 


Silvio Santos nunca teve muita preocupação com a relevância do SBT, mas impressiona o cardápio atual. Tirando os programas apresentados por Roberto Cabrini e Marília Gabriela, além dos comentários destemperados de Rachel Sheherazade, âncora do telejornal "SBT Brasil", hoje a emissora é conhecida por conta das pegadinhas que exibe no "Programa Silvio Santos".

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